terça-feira, 23 de dezembro de 2014

FINDA O ANO

Começa a terminar o ano na prévia de um natal bem chuvoso aqui no Vale do Capão. Um natal que é um presente para nós, depois desta seca atroz que agrediu a Bahia nos últimos anos. O abençoado Vale do Capão tem a circunstância geográfica de contar com 1000m de altitude, ladeado por montanhas com até 1250m e, por isso as chuvas são mais frequentes do que em outros interiores da Bahia. Por isso, mesmo nas secas, o verde é aqui imorredouro. Mas isso não significa que não padecemos. Foram cinco anos sem as chuvas das águas, que quando nos alcançam fazem dos riachos rios e dos rios engolidores de margens e pontes e a Serra da Larguinha, a Leste, e a do Candombá, a oeste ficam pontilhadas do brilho da água, das inúmeras cachoeiras que rumorejam sem parar. No ano passado recomeçou a chuva das águas, mas fraca. Esse ano está melhor, o que me faz pensar que a crise climática passou, embora não me sinto capaz de afirmar nada, nesses tempos de irresponsabilidades ambientais.

Pois é, finda o ano. Foi um ano rico para mim, com os sofrimentos e alegrias de praxe, como de praxe com muito mais alegria do que sofrimento. E aí no findar dá um esquecimento de todas as coisas que se passaram no mesmo ato de lembrar-se delas. Um lembrar incompleto com seus sentimentos já cansados de existir, já pedindo para mergulhar naquele limbo que acontece com o passar do tempo desmemoriante. Talvez exagere eu. Algumas coisas ficam como pele, mas o fato é que outras se desvanecem aos poucos e isso é bom.

Finda o ano e de uma forma um tanto irracional, mas irracionalmente verdadeira, todos se sentem com mais esperança, como se preços e maldades respeitassem ciclos, inda mais ciclos artificiais, como é a instituição de princípio e fim de ano. Vero que caímos de cabeça em uma loucura de esperança, e daí? Pior seria se caíssemos em uma loucura de desesperança. O fato é que finda o ano e consequentemente começa outro. E isso há que festejar, pois que não festejaríamos se findasse um ano e não começasse outro. Isso sim seria algo bem ruim. Por isso (e por tantas coisas mais, inclusive a esperança) festejemos e como não poderia deixar de ser quero que todos vocês recebam agora o meu abraço natalino bem gostoso e um beijo longo, morno, terno em seus corações.


Em 23/12/14, Aureo Augusto.

sábado, 6 de dezembro de 2014

ALINHADA

“Mãe, tô indo pra praia com minhas amigas, esse lugar é horrível! A gente anda, anda, anda, e não chega em lugar nenhum”.
Raí (Raimundo Cirilo), o dentista do posto onde trabalho, escutou a frase ao chegar para o serviço. Quem dizia era uma jovem bem vestida, do alto dos saltos de um sapato sofisticado. Ele riu um bocado enquanto comentava comigo do desalinhado discurso da moça alinhada. E, de minha parte, achei tão interessante o fato que quis partilhar com vocês.


Beijos desalinhados de Aureo Augusto.