segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

MÉDICOS CUBANOS - primeiras impressões

De início fiquei preocupado com a importação de médicos do exterior patrocinada pelo governo federal. No entanto, lembrei-me da briga de foice que é ter um médico contratado por aqui. Palmeiras tem uma fama antiga de não tratar de forma adequada seus funcionários, e a área da saúde não foge à regra, pelo contrário, reforça-a com vigor. Portanto vários médicos têm sido tratados de forma inadequada por aqui no passado. Mas considerar que apenas o poder público municipal é responsável pela desassistência é deixar de ver o outro lado da moeda.

Muitos dos médicos que por aqui aportam impõem grande quantidade de condições, não respeitam os horários e desconhecem radicalmente o significado de trabalhar em equipe. O posto de saúde da família de Palmeiras (na sede do município) tem sofrido muito com isso. Vários médicos impuseram seus horários e às vezes faltavam avisando na última hora. Um deles só atendia um número excessivamente restrito de pessoas e, apesar de chegar tarde, saía muito mais cedo, deixando o serviço descoberto. Outro se recusou a atender pré-natal ou puericultura. Houve quem abandonasse o serviço de uma hora para outra porque recebem proposta melhor de outro município – e o fez sem aviso prévio. Nenhum aceitou participar de uma reunião com a equipe; participar de qualquer atividade educativa? Aí seria demais! E isso não ocorre apenas em Palmeiras. Várias cidades da Chapada têm estas queixas.
Por isso pensei comigo que, em que pesem os erros cometidos pela forma como a coisa foi feita, a vinda de médicos de outros países poderia contribuir para corrigir estas distorções. Os médicos cubanos me encheram de esperança. Não creio que vão resolver tudo, que não sou tão besta assim, porém têm farta experiência na promoção da saúde e nas diversas formas de prevenção dos agravos. Isso me agradou.

Conheci e já tive algumas reuniões com os quatro que aportaram em Palmeiras. Gostei do que encontrei. Estão bem atentos ao fato de que cada consulta é um processo educativo, têm forte noção de dever e isso inclui a questão dos horários de trabalho. Sei que vou aprender muito com eles, e espero – e para isso a prefeitura terá que fazer sua parte, principalmente provendo condições adequadas de trabalho – que a saúde por aqui possa realmente entrar por um novo caminho.


Abraços saudáveis a todos de Aureo Augusto

4 comentários:

  1. Dr Áureo, tenho certeza que os médicos cubanos também aprenderão com o senhor. Sou simpatizante desse programa Mais Médicos pois muitos médicos brasileiros não atendem nos rincões desse país. Por aqui eles foram bem aceitos pela população. Pena que os médicos aqui de Irecê não veem os pacientes como um todo, eles tratam a doença não a sua causa.Que pena.

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    1. Grato, Lidia,
      em realidade a nossa sociedade está um tto capenga, voltada mais para resoluções superficiais de problemas do que para a profunda resposta aos problemas.
      mas estamos evoluindo!
      abraço

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  2. Caro Áureo!
    Parabéns pelos seus esclarecimentos; jamais imaginei que assim fosse! Aqui em Salvador me consulto no SUS, quanta dificuldade, tanto para se conseguir consulta ou exame!

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    1. Acredito, Carlos, que aqui no interior tenha menos fluxo de gente a ser atendida. Infelizmente faltam outras coisas, como, por exemplo, médicos.
      Hoje atendi uma mulher daqui do Capão que esteve em São Paulo por algum tempo e lá tentou atendimento para sua gestação e pegou uma senha de número 568. Pensei que só seria atendida em 3 meses (risos). Ela preferiu voltar.

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