quarta-feira, 10 de agosto de 2011

SILÊNCIO DE NOVO

Silêncio, escrevi sobre isso outro dia aqui mesmo no blog. Semana passada me veio esta poesia:
HÁ SILÊNCIO
Há silêncio, mas só às vezes
Porque se o céu se ressente
Do excesso de azul e a luz
Condensa-se em calmaria,
A mente segue correndo
Transformando paz em azáfama
Categorizando coisas como se
Ruído fosse o dom do existir.

Por isso, que se faça o silêncio
E a mente possa fazer-se em paz.
Foi em um dia onde estava claro para mim a enormidade da quantidade de pensamentos que nos invadem. Ocorre-me às vezes que os pensamentos podem ser como morcegos hematófagos, vampirizando nossa energia. Porque, pensamos demais. Porque pensamos demais pensamentos dispensáveis, improdutividades. Ora, se tais pensamentos são fúteis, vazios, se não são criativos, se são mera repetição de vazios, então por que pensa-los?
Será que nós pensamos os pensamentos deste tipo, ou será que estas nulidades nos assaltam, vindas não sei de onde?
Claro, há tipos de pensamentos. Alguns nos trazem possibilidades. Criam realidades, animam o mundo, são parte de um processo de construção de novas realidades, idéias que têm real possibilidade de atualização no plano da existência material. Já outros apenas alimentam a si mesmos em uma circularidade que jamais alcança o mundo este aqui onde estou escrevendo.
Soube, há algum tempo, que entre os povos chamados por nós de primitivos o pensamento não é uma constante, sendo uma ferramenta usada apenas quando necessária. Sei que quando consigo ficar sem pensar por algum tempo isso me dá um repouso (que depois se traduz em vitalidade e criatividade) bem agradável. Porém isso é mais fácil quando me proponho em uma meditação, ou quando estou pintando, escrevendo ou trabalhando na marcenaria. Ou seja, em atividades que pedem concentração. Às vezes, em minhas caminhadas matinais, me proponho e consigo ficar no silêncio mental. Quando é bem feito, parece que o mundo fica mais presente, mas às vezes é como se estivesse dormindo, ou dormido; nesse último caso, não há atenção, não há presença... melhor seria ter ficado pensando!
Agora recebam um abraço silencioso de Aureo Augusto

6 comentários:

  1. às vezes tenho a sensação de que meus pensamentos se repetem infinitamente, como um cachorro correndo atrás do rabo. Uma vez fui fazer um retiro num mosteiro zen e, durante os zazens (a meditação) entendi que tenho um barulho imenso na cabeça. Uma multidão gritando. E que não é fácil a gente se livrar desses gritos (e sussuros).
    Tenho buscado o silêncio. Mas é uma busca difícil. O zen prega o vazio do pensamento como meta. Eu acho que é uma meta impossível (ao menos para mim). Somos tantas vozes, não é mesmo?

    ResponderExcluir
  2. Nossa! Cláudia, a imagem do cão correndo atrás do rabo é perfeita. Nossa sociedade estimula o pensar vazio (de significado), mas isso é uma bobeira. Concordo que é mto difícil, mas segundos ganhos no silêncio são mto fortalecedores. Continuemos...
    abração

    ResponderExcluir
  3. A zeração (?) dos pensamentos não é tarefa impossível, mas, como a Cláudia diz, é difícilimo. Analogamente à recomendação de "anular o ego", que não acho viável e por isso proponho a "expansão do ego", em que o ego começa por abranger a vizinhança e se encaminha para o mundo, proponho também a "seleção dos pensamentos".
    A meu ver, anular os pensamentos pode se tornar contraproducente, muito esforço nem sempre recompensado. E já que os pensamentos se apresentam (aparentemente espontâneos), deixá-los vir me parece uma boa tática. Daí a permitir-lhes se assentar e se acomodar, é outra história. Uma triagem rigorosa se faz necessária, eliminando-se tudo que não for construtivo (pode-se usar o método das "três peneiras' das comunicações: Verdadeiro, Bom, Necessário).
    Aí não se despende muito esforço pra reter um fluxo - muitas vezes uma corrente impetuosa - mas se regula o fluxo. E isso pode resultar criativo.
    _Abraços, se não silenciosos, harmoniosos.

    ResponderExcluir
  4. Bem elucidativo o comentário de Tesco. Agradou-me particularmente o que diz de "anular o ego". Se, como afiança Freud, o ego é uma estrutura que começa a se elaborar a partir de núcleos perceptivos na superfície corporal, não passa de um instrumento de comunicação entre o interno e o externo. Sua eliminação implica perda da interface entre o inconsciente e aquilo de externo. Melhor expandir, ou pô-lo em seu devido lugar.
    Bem pensado.
    Abração

    ResponderExcluir
  5. Meus pensamentos conversam comigo sem parar.

    Nem dormindo eu sossego..rsrrs.

    Eu tenho sonhos lúcidos, quase todas as noites, sonhos tão perfeitos que eu consigo lembrá-los como se fossem filmes e as vezes acordo cansada demais.

    Nem sei se tem ligação, pensamento x sonho mas os meus são verdadeiros soldados vigilantes.

    E como uma boa ansiosa, muitas vezes eles são algozes demais. E me cansam. E me esgotam.

    Vivo em plena turbulência de mente cheia.Cheia de pensamentos ou seriam inspirações?

    E tenho muita dificuldade em diluir pensamentos ruins que muitas vezes tentam me algemar, me engessar e, por tabela, chegam as ansiedades e esta maldita angústia que teima em morar comigo sem pagar aluguel.rsrsr.

    Este texto é muito profundo e eu fiquei com preguiça de PENSAR...(risos).

    Abraços pensativos.

    Ju

    ResponderExcluir