domingo, 17 de janeiro de 2010

MEDICINA OCULTA NO COTIDIANO 18

Ultimamente tenho negligenciado este tema. Hoje atrasei. Deveria ter colocado a mensagem na sexta-feira. Não foi por esquecimento e sim por trabalheira. Aí vai o assunto de hoje (escrito em 19/11/2005), relacionado com os cuidados para garantir saúde, usando um exemplo de uma mulher grávida:
SEMENTES AO VENTO
O que fazemos é como uma semente lançada ao vento, qualquer ato. Não como na parábola do semeador que saiu a semear, onde algumas sementes que caíram na pedra não puderam nascer. O ato será sempre algo que repercutirá. A nossa vida é cheia de banalidades. Mesmo que nem sempre seja banal algo que pensamos ser. Um ato trivial ao qual com enorme freqüência não damos a devida atenção é o ato de comer. Sentamos diante da televisão, conversamos com os amigos, mastigamos como quem olha o vazio... Em um mundo como o nosso, pleno de ofertas, às vezes nos perdemos nas escolhas e, os alimentos hoje estão nas vitrinas, talvez mais do que nas panelas. Comer é um ato/semente.
Ontem fui chamado a ver uma moça grávida aqui do Vale do Capão, que estava sentindo contrações. No início da gestação acompanhei-a, mas agora está sendo cuidada pelo posto de saúde (PSF) e soube que lá descobriram que estava com pré-eclâmpsia, que é um quadro onde a mulher pejada apresenta perda de proteína pela urina, pressão alta e inchaço. Trata-se de algo que merece cuidado porque se não tratado a mulher pode ter convulsões (e aí passa a chamar-se eclampsia), o que não é nada bom. Ao chegar em sua casa examinei-a e constatei as fortes contrações, mas, para meu desgosto (pois que lhe conheço toda a família e a vi crescer) não consegui auscultar o coração da criança. A pressão estava muito alta apesar da medicação que lhe passaram e, naturalmente encaminhei-a para internamento hospitalar. Infelizmente a criança realmente estava morta o que causou grande dor entre os familiares tanto dela quanto de seu companheiro.
Desde que era estudante aprendi que De Snoo já havia apontado o papel dos fatores nutricionais na gênese da toxemia tardia da prenhez (como era mencionada a enfermidade na Obstetrícia de Rezende, que tanto folheei), mas a jovem em questão era franca adepta do consumo abusivo de pão, biscoitos, e outros carboidratos, sempre refinados, porque, segundo ela, mais saborosos. Também, apesar das recomendações, nunca se preocupou em controlar o sal da dieta.
Os familiares me disseram que foi Deus quem quis. Aí me lembrei que estava em Santiago do Chile, escutando a Roberto, da Econatura de Pernambuco, fazendo uma palestra sobre o belo trabalho da cooperativa da qual participa. Ele dizia que uma das características da gente pobre da zona do sertão é em tudo botar a culpa em Deus e ele está coberto de razão. O problema desta postura é que não saímos da posição da vítima e não mudamos conduta, não plantamos boas sementes de comportamento. Se tudo depende (apenas) de Deus, nada mais há a fazer. E o que há a fazer? Entender que no mínimo somos co-criadores do nosso processo e caracterizar qualquer ato como sendo uma semente. Dentro do possível, escolher destas sementes aquelas que produzirão confortáveis frutos. Que assim seja!
Aureo Augusto, um abraço.

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