sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

MEDICINA OCULTA NO COTIDIANO 15

VITA, VIVA!
O Dr. David Servan-Schreiber, psiquiatra e neurofisiólogo francês trabalhando nos Estados Unidos, jovem de 30 anos e já com trabalhos reconhecidos pelos seus colegas e, portanto, sendo financiado para suas pesquisas, em plena glória científica, descobriu que tinha um tumor no cérebro e a morte era uma das possibilidades a se levar em conta quanto aos seu futuro próximo.
Sua experiência com a doença o levou a publicar um interessante livro que no Brasil foi publicado pela Fontanar, com o título: ‘Anticâncer, Prevenir e vencer usando nossa defesas naturais’. O livro merecer ser lido e me foi indicado por uma mulher, também um sucesso acadêmico, que se descobriu com a doença. Leia este livro, tendo ou não câncer. Leia-o como um incentivo para viver para além da mera subsistência ou da sobrevivência. Na página 36 ele comenta como, de posse da notícia alarmante, e após a confusão e o desespero inicial e mesmo sem perder o medo e a dor da notícia ele observa sua companheira:
“Algumas semanas depois de receber o diagnostico de câncer no cérebro, tive o sentimento estranho de que tinham acabado de retirar as lentes cinzentas que velavam minha vista. Um domingo à tarde, eu olhava Anna no pequeno cômodo ensolarado de nossa minúscula casa. Ela estava sentada no chão, ao lado de uma mesa baixa, tentando traduzir poemas do francês para o inglês, com ar concentrado e calmo. Pela primeira vez eu a via como ela era, sem me perguntar se eu devia ou não preferi-la em vez de uma outra. Eu via simplesmente sua mecha de cabelo caindo graciosamente quando ela inclinava a cabeça sobre o livro, a delicadeza de seus dedos segurando tão levemente a caneta. Estava surpreso por nunca ter notado q eu ponto as imperceptíveis contrações de seu queixo, quando ela tinha dificuldade para encontrar a palavra que procurava, podiam ser comovedoras. Tinha a impressão de vê-la de repente tal como ela era de fato, liberada de minhas questões e minhas dúvidas. sua presença se tornava inacreditavelmente enternecedora. O simples fato de poder partilhar aquele instante surgia como um privilégio imenso”.
Pouco depois o autor comenta a carta de um senador americano pouco depois de ter recebido um diagnóstico de câncer. O senador comenta que muitas das rusgas e atritos da vida cotidiana, bem como os valores relacionados com a conta bancária, com o cargo incensado pelos bajuladores etc. perderam completamente o sentido. Outras coisas também poderiam ter se desvalorizado à sua visão, no entanto, ao revés do desespero esperado “descubro um prazer novo em cosas que me pareciam antigamente corriqueiras”. Para o senador, almoçar com um amigo ou alisar o gato, se tornaram coisas maravilhosas. Descobriu que “pela primeira vez saboreio a vida”.
Servan-Schreiber arremata dizendo que todos ficamos tristes com a proximidade da morte, porém, “o mais triste não seria, no momento de deixar a vida, não ter nenhum motivo para ficar triste?”. Não ter vivido, não estar presente na vida que se vive...
Quis no dia de hoje escrever este texto para lembrar a cada um de nós e a mim mesmo, o quanto é delicioso dispormos da possibilidade de gozar a vida. Sem necessidade de coisas maiores, de glamour. Gozar aquilo que temos, o sorriso da pessoa que está ao nosso lado, o prazer de uma conversa profunda ou fútil com os companheiros no trabalho, a alegria atenta de poder ter contribuído com a vida ou a saúde de outrem, pôr do sol, nascer, flores ridiculamente pequenas inacreditavelmente elaboradas, besourinhos, sei lá, a lista é infinita. Que não esperemos a iminência da morte para descobrir as delícias da vida.
Em 4/12/09 recebam meu abraço,
Aureo Augusto.

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